"(...) Saúdo-os e desejo-lhes sol / E chuva, quando a chuva é precisa, e que as suas casas tenham / Ao pé duma janela aberta / Uma cadeira predileta / Onde se sentem, lendo os meus versos. (...)" (CAEIRO, Alberto. O guardador de rebanhos)

terça-feira, 12 de abril de 2011

quem tem saudade de ler Caio Fernando Abreu (há quanto tempo!), se pudesse abrir uma brecha no dia... Credo, que vida doida...

... então, como fetiche - proibidíssimo, pois não devia estar fazendo isso agora - abri o livro em qualquer página. E é sempre bom, em qualquer página:

Mel & Girassóis (ao som de Nara Leão)

"Como naquele conto de Cortázar - encontraram-se no sétimo ou oitavo dia de bronzeado. Sétimo ou oitavo porque era mágico e justo encontrarem-se, Libra, Escorpião, exatamente nesse ponto, quando o eu vê o outro. Encontraram-se, enfim, naquele dia em que o branco da pele urbana começa a ceder território ao dourado, o vermelho diluiu-se aos poucos no ouro, então dentes e olhos, verdes de tanto olhar o sem fim do mar, cintilam feito os de felinos espiando entre moitas. Entre moitas, olharam-se. Naquele momento em que a pele entranhada de sal começa a desejar sedas claras, algodões crus, linhos brancos, e a contemplação do próprio corpo nu revela espaços sombrios de pelos onde o sol não penetrou. Brilham no escuro esses espaços, fosforecentes, desejando outros espaços iguais em outras peles no mesmo ponto de mutação. E lá pelo sétimo, oitavo dia de bronzeado, passar as mãos nessas superfícies de ouro moreno provoca certo prazer solitário, até perverso, não fosse tão manso, de achar a própria carne esplêndida. (...)"
(ABREU, Caio Fernando. Os dragões não conhecem o paraíso)

Hmmm, vontade de ler mais... passar o dia na rede, devorando inteiro... mas "vamu" pra vida cotidiana, que a hora é de ralar rsrsrsrsrs.

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