"(...) Saúdo-os e desejo-lhes sol / E chuva, quando a chuva é precisa, e que as suas casas tenham / Ao pé duma janela aberta / Uma cadeira predileta / Onde se sentem, lendo os meus versos. (...)" (CAEIRO, Alberto. O guardador de rebanhos)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Preparando uma aula pro 3º do COC (abração pra galera!!!), achei perdido, nas minhas coisas, este trecho do Padre Vieira (séc. XVII).

Ó que doido.
Parece-me uma noção ambígua em relação ao antropocentrismo... Barroco total mesmo! Muito legal pensar no significado deste texto em relação ao contexto da época (a Contra-reforma e tal...) e o quanto é válido hoje, quatro séculos depois.

"Não é o homem um mundo pequeno que está dentro do mundo grande, mas é um mundo grande que está dentro do pequeno. Baste por prova o coração humano, que sendo uma pequena parte do homem, excede na capacidade a toda a grandeza do mundo. (...) O mar, com ser um monstro indômito, chegando às areias, pára; as árvores, onde as põem, não se mudam; os peixes contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros animais com a terra. Pelo contrário, o homem, monstro ou quimera de todos os elementos, em nenhum lugar pára, com nenhuma fortuna se contenta, nenhuma ambição ou apetite o falta: tudo confunde e como é maior que o mundo, não cabe nele".

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